Estereótipo: o que é e tipos (com exemplos)

Thiago Souza
Revisão por Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

Estereótipo são versões simplificadas sobre uma pessoa ou grupo, e que não condizem com a realidade.

Geralmente, os estereótipos são utilizados para definir e categorizar um indivíduo quanto a sua identidade ou comportamento a partir do seu gênero, etnia, religião, cultura, condição social, entre outros.

Os estereótipos funcionam como um rótulo para pessoas, mas com pouco ou nenhum conhecimento real sobre quem que está sendo estereotipado.

As ideias estereotipadas sobre outras pessoas ou grupos são adquiridos ao longo da vida em sociedade, sendo, principalmente, baseadas no senso comum.

Entretanto, os estereótipos também estão relacionados com os valores e crenças do indivíduo que estereotipa. Na verdade, as ideias presentes no estereótipo estão mais relacionadas com a pessoa que julga do que com o julgado.

Isso porque as características que alguém atribui ao outro sem um conhecimento profundo desse outro são um reflexo do modo como aquele que está julgando enxerga o mundo.

Principais tipos de estereótipos e exemplos

Os tipos de estereótipos abaixo são rótulos utilizados como formas de classificar e generalizar uma pessoa ou grupo. Vale lembrar que conforme o grupo ou lugar, os estereótipos podem variar devido ao contexto histórico e cultural.

Estereótipo racial e cultural

O estereótipo racial e cultural é aquele em que uma pessoa ou grupo é categorizado de determinada maneira a partir da sua raça, costumes e tradições.

Este tipo de estereótipo é baseado em ideias simplistas e irreais sobre determinada etnia, raça ou cultura.

Exemplos:

  • Quando em uma história de ficção (livros, filmes, novelas, etc.), os bandidos são todos personagens negros, de modo a tentar classificar pessoas negras como marginalizadas, criminosas ou violentas.
  • Afirmar que pessoas negras têm mais resistência física. Esse é um tipo de estereótipo baseado em crenças limitantes sobre o biotipo de todo um povo, sem respeitar a individualidade. Este exemplo surge do histórico da escravidão, na qual os negros escravizados realizavam trabalhos pesados ou devido a algumas pessoas negras performarem bem nesses esportes.
  • Afirmar que baianos são preguiçosos ou que indígenas são selvagens. Esses, como todos os estereótipos, são construídos mais baseados nos pensamentos de quem estereotipa, do que na realidade de quem é estereotipado.

Veja também o que é discriminação

Estereótipo de gênero

Esse tipo de estereótipo é aquele que constrói personalidades e comportamentos típicos para homens e mulheres, como se homens ou mulheres tivessem uma essência que determinasse o que deve ser feminino e masculino.

É relevante destacar que essa chamada de essência masculina ou feminina não existe. Trata-se de construções sociais que ajudam a reforçar estereótipos de gênero.

Exemplos:

  • Afirmar que mulheres devem ser as responsáveis pelos afazeres da casa e dos filhos, pois somente elas saberiam realizar bem essas funções.
  • Dizer que homens não choram ou não sabem falar sobre seus sentimentos, porque isso diminuiria a sua masculinidade. Esse estereótipo de masculinidade acaba por apagar e negligenciar os sentimentos e emoções dos homens.
  • Afirmar que mulheres não sabem dirigir bem, e que somente os homens poderiam desempenhar essa atividade.
  • Dizer que homens não podem usar determinadas cores de roupa, como o rosa, porque essa seria uma cor feminina.
  • Quando em uma conversa, assuntos ou expressões deixam de ser usadas porque há mulheres presentes, e estas seriam necessariamente mais sensíveis e frágeis.

Esses estereótipos são antigos e estão enraizados na maioria das sociedades, que ainda enxergam a mulher como frágil, sensível e inferior e o homem como alguém emocional e fisicamente forte e provedor.

Veja o significado de etnia.

Estereótipo profissional

O estereótipo profissional está ligado aos rótulos colocados nas pessoas em ambiente de trabalho. Por vezes, esses estereótipos se misturam com outros, como o racial ou de gênero.

Exemplos:

  • Dizer que funcionários públicos trabalham pouco ou sem eficiência. Quem reafirma esse estereótipo define todo o grupo de funcionários públicos, sem respeitar a individualidade e forma de trabalhar de cada um, sendo que toda a classe do funcionalismo público passa a ser vista como de trabalhadores acomodados.
  • Afirmar que todo empresário só está interessado em dinheiro, sem se importar com seus funcionários ou o meio ambiente.
  • Tomar como verdade que todo trabalhador que exerce atividades que exijam força não é inteligente, ou é pouco instruído.
  • Dizer que todas as pessoas que trabalham com TI (tecnologia da informação) gostam de videogames, filmes de ficção científica, ou seja, têm um perfil considerado "nerd".
  • Afirmar que alguns trabalhos não são femininos, como os voltados para a área da tecnologia.
  • Afirmar que alguns trabalhos não são masculinos, como os que envolvem cuidados, por exemplo a área de enfermagem.

Estereótipos socioeconômicos

Esse estereótipo foca no aspecto financeiro ou na classe social das pessoas. E assim como outros estereótipos, acaba se misturando com os de raça e o profissional.

Exemplos:

  • Rotular pessoas pobres como mal-educadas, com comportamentos desagradáveis, pouco inteligentes, sem hábitos de higiene, ou ainda, como potencialmente criminosas.
  • Rotular pessoas ricas como fúteis, sem noção da realidade ou indiferentes às questões sociais.
  • Afirmar que pessoas que recebem salários mais baixos são menos inteligentes, ignorantes ou facilmente influenciáveis.

Os estereótipos socioeconômicos surgem a partir da construção das hierarquias entre as classes econômicas, e rotulam pessoas devido a sua posição social ou ganhos financeiros, sem considerar a individualidade e contexto de vida de cada um.

Estereótipo religioso

É aquele que foca em ideias irreais sobre determinadas religiões ou religiosos.

Exemplos:

  • Associar muçulmanos a grupos terroristas. Mesmo sabendo que uma minoria tem um comportamento mais radical e violento, todos os praticantes do islamismo acabam sofrendo com a estereotipação.
  • Dizer que todo judeu é rico.
  • Classificar as religiões de matriz africada como "macumba", dando uma conotação negativa à religião e associando ao conceito cristão de "demônio".

Estereótipo da beleza

O estereótipo de beleza passa por questões predominantes do que se considera belo em uma sociedade. Esses são alterados com o tempo.

Antigamente, por exemplo, estar acima do peso dito ideal era considerado bonito, porque transmitia a ideia de saúde e de boas condições financeiras para comer muito.

Exemplos:

  • Reforçar a ideia de que só mulheres magras são bonitas ou podem ser modelos.
  • Afirmar que celulite e estrias são feias, mesmo que esse tipo de marcas seja comum na maioria das pessoas.
  • Afirmar que determinados tipos de narizes, formato de rostos ou texturas de cabelos são feios. Esse tipo de afirmações carregadas de estereótipos acabam por misturar também questões étnicas e raciais, fazendo com que somente determinadas características físicas sejam consideradas belas e criando um padrão de beleza inalcançável. Além de incentivar o mercado de procedimentos estéticos, essas ações podem gerar sérias questões psicológicas.

Leia também sobre padrão de beleza.

Qual o problema em estereotipar outras pessoas?

O grande problema dos estereótipos é que os aspectos individuais de quem está sendo estereotipado são completamente ignorados.

Há uma desumanização da pessoa ou grupo estereotipado, porque esses indivíduos têm a sua complexidade apagada.

Os estereótipos também reafirmam preconceitos, que podem culminar na discriminação de um indivíduo ou grupo.

É importante ressaltar que os estereótipos nunca são neutros ou imparciais. Eles sempre tendem a um juízo de valor que, na maioria das vezes, é negativo.

Porém, é possível citar alguns estereótipos positivos, como por exemplo o Brasil ser conhecido como o país do futebol.

Isso demonstra uma grande qualidade da seleção e dos jogadores brasileiros.

Origem do termo estereótipo

Estereótipo tem origem nas palavras gregas stereos e typos, que formam o termo "impressão sólida". Esse vocábulo surgiu no contexto da impressão gráfica e foi criado pelo gráfico francês Firmin Didot, em 1794.

O termo foi criado para se referir às placas metálicas que permitiam a produção em massa de jornais, revistas e periódicos.

Essas placas eram criadas a partir de moldes que permitiam imprimir a mesma imagem em todas as impressões.

Em 1922, o escritor estadunidense Walter Lippmann aplicou a palavra pela primeira em seu livro intitulado Opinião Pública.

Na sua obra, fez o uso do termo estereótipo para abordar a maneira como as pessoas significavam e categorizavam uma as outras, em uma forma de facilitar e simplificar suas visões sobre o mundo.

Diferença entre estereótipo e preconceito

Quando o ser humano categoriza pessoas a partir da sua aparência ou identidade, rotulando-as e, sem conhecimento, determina suas características e comportamento está as estereotipando.

O estereótipo é a forma simplista e reducionista de definir alguém ou grupo.

Já o preconceito envolve uma avaliação possivelmente discriminatória, associado a um sentimento de ódio e repulsa (também sem embasamento), que muitas vezes culmina em atos violentos.

Pode-se dizer que o preconceito (em suas várias formas: racial, de gênero, etc.) também se alimenta de estereótipos.

São os estereótipos que dizem, erroneamente, como uma pessoa ou grupo é e se comporta.

Os estereótipos são perigosos porque além de reduzir e apagar a complexidade tipicamente humana das pessoas, também acaba por reafirmar preconceitos e gerar discriminação e violência.

Veja também o significado de:

Fontes bibliográficas:

Baccega, M. A. O estereótipo e as diversidades. Comunicação & Educação, (13), 7-14, 1998.

Cabecinhas, R. Estereótipos sociais, processos cognitivos e normais sociais. In Silva, C. & Sobral, M. (Orgs.) - Etnicidade, nacionalismo e racismo. Migrações, minorias étnicas e contextos escolares. Porto: Afrontamento, 2014.

Thiago Souza
Revisão por Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.
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